Acusado de dirigir uma rede que
subornava e coagia árbitros, dirigentes, jogadores, jornalistas e outros
agentes desportivos, Pinto da Costa tem sido, sem dúvida, uma das figuras mais
polémicas do futebol português nas últimas décadas.
E numa altura em que muita
gente ainda se questiona como conseguiu escapar às malhas da justiça, apesar
das provas esmagadoras apresentadas contra si, surgiram entretanto novos dados
que ajudam a fazer luz sobre este mistério.
Após o falhanço retumbante
do caso Apito Dourado, este tem, de facto, sido um tema tabu nos meios
judiciais do país, tendo já atirado para a rua vários magistrados, que
simplesmente não conseguiam manter os escrúpulos de que são detentores à tona
do lodo interminável que é o futebol português.
“Uma pessoa vive para servir
a causa pública, e há dias em que a vida faz sentido. Mas depois do que vi no
processo Apito Dourado, tive um vislumbre daquilo que a alma humana tem de mais
hediondo”, desabafou ao “Esférico” um desses magistrados, que ainda há uns anos
julgava sem pestanejar casos de homicídio e estupro.
“O Esférico” sabe agora,
porém, que a justiça portuguesa pouco mais poderia ter feito neste caso, uma
vez que Pinto da Costa possui, afinal, passaporte diplomático, adquirido nos tempos
em que desempenhava as funções de Embaixador da Fruta ao serviço do FC Porto.
Mais do que as conversas
telefónicas em que foi apanhado a subornar árbitros e a oferecer prostitutas, a
prova maior de que o veterano dirigente usufrui mesmo de estatuto especial é
que continua em liberdade, apesar de ter mantido Lopetegui no cargo durante ano
e meio.
Ainda ontem o histórico
dinossauro portista foi visto a urinar da algália para um parquímetro, a espancar
um jovem inanimado no chão e a fazer grafitis na casa de Mário Figueiredo –
tudo isto perante o olhar impotente e radiante da polícia.
Aos microfones do
“Esférico”, o subintendente Pranchada confessou-nos a sua frustração, a qual,
acima de tudo, é uma demonstração da sua satisfação.
“É um acto de justiça que se
faz, carago!, o direito internacional reconhecer pelo menos este grande homem
que nos deu o penta, a champignons e a Carolina Salgado. Nós, aqui no Porto, já
há muito tempo que andamos a querer implementar, não a “sharia”, mas a
“francesinha”, que é um código de honra cá nosso, e muito bom, nomeadamente no
que toca a defender a nossa honra pilhando bombas da Galp, incendiando boites
e largando corpos no Douro, caso contrário não temos como desviar as atenções
das nossas pilinhas muito diminutas”, explicou. “Mas aqueles mouros de Lisboa,
que nunca arrearam numa senhora com verdadeiro amor de homem, insistem nesta
mariquice da “lei da república”, que nem nos dá o direito de oferecermos, por solidariedade,
uma garrafa de Raposeira às miúdas anémicas que o nosso ilustre Macaco mantém hospedadas
na cave do Calor da Noite.”
O líder portista, antes de partir para as filmagens de 'Grease - Rebeldes da Algália' |
Entretanto, um estudo efectuado
recentemente pela Universidade Lusófona concluiu que 99,9% dos inquiridos
acreditam que Pinto da Costa é culpado dos crimes de que é acusado, mas que
100% dos inquiridos acreditam que merece ser condecorado, por ter “passado a
perna à polícia” durante tanto tempo.
E
se é certo que a justiça não ficará satisfeita neste caso, este estatuto de
imunidade diplomática deverá dar, contudo, uma certa almofada de conforto ao
jurássico dirigente, já que fica protegido das punições decorrentes dos ilícitos
que se cometem nesta idade, tais como conduzir na VCI num estilo encarpado de
contra-mão, aparecer de tanga na praia ou contratar o Nuno Espírito Santo ao
Jorge Mendes porque, apesar de toda a sua sabedoria, ainda não consegue ouvir
“não” como resposta.
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