sábado, 27 de agosto de 2016

Pinto da Costa não pode ir preso porque tem imunidade diplomática


Acusado de dirigir uma rede que subornava e coagia árbitros, dirigentes, jogadores, jornalistas e outros agentes desportivos, Pinto da Costa tem sido, sem dúvida, uma das figuras mais polémicas do futebol português nas últimas décadas.

E numa altura em que muita gente ainda se questiona como conseguiu escapar às malhas da justiça, apesar das provas esmagadoras apresentadas contra si, surgiram entretanto novos dados que ajudam a fazer luz sobre este mistério.

Após o falhanço retumbante do caso Apito Dourado, este tem, de facto, sido um tema tabu nos meios judiciais do país, tendo já atirado para a rua vários magistrados, que simplesmente não conseguiam manter os escrúpulos de que são detentores à tona do lodo interminável que é o futebol português.

“Uma pessoa vive para servir a causa pública, e há dias em que a vida faz sentido. Mas depois do que vi no processo Apito Dourado, tive um vislumbre daquilo que a alma humana tem de mais hediondo”, desabafou ao “Esférico” um desses magistrados, que ainda há uns anos julgava sem pestanejar casos de homicídio e estupro.

“O Esférico” sabe agora, porém, que a justiça portuguesa pouco mais poderia ter feito neste caso, uma vez que Pinto da Costa possui, afinal, passaporte diplomático, adquirido nos tempos em que desempenhava as funções de Embaixador da Fruta ao serviço do FC Porto.

Mais do que as conversas telefónicas em que foi apanhado a subornar árbitros e a oferecer prostitutas, a prova maior de que o veterano dirigente usufrui mesmo de estatuto especial é que continua em liberdade, apesar de ter mantido Lopetegui no cargo durante ano e meio.

Ainda ontem o histórico dinossauro portista foi visto a urinar da algália para um parquímetro, a espancar um jovem inanimado no chão e a fazer grafitis na casa de Mário Figueiredo – tudo isto perante o olhar impotente e radiante da polícia.

Aos microfones do “Esférico”, o subintendente Pranchada confessou-nos a sua frustração, a qual, acima de tudo, é uma demonstração da sua satisfação.

“É um acto de justiça que se faz, carago!, o direito internacional reconhecer pelo menos este grande homem que nos deu o penta, a champignons e a Carolina Salgado. Nós, aqui no Porto, já há muito tempo que andamos a querer implementar, não a “sharia”, mas a “francesinha”, que é um código de honra cá nosso, e muito bom, nomeadamente no que toca a defender a nossa honra pilhando bombas da Galp, incendiando boites e largando corpos no Douro, caso contrário não temos como desviar as atenções das nossas pilinhas muito diminutas”, explicou. “Mas aqueles mouros de Lisboa, que nunca arrearam numa senhora com verdadeiro amor de homem, insistem nesta mariquice da “lei da república”, que nem nos dá o direito de oferecermos, por solidariedade, uma garrafa de Raposeira às miúdas anémicas que o nosso ilustre Macaco mantém hospedadas na cave do Calor da Noite.”

O líder portista,
antes de partir
para as filmagens de
'Grease - Rebeldes
da Algália'
Por outro lado, António Intestino Grosso, conhecido adepto do Porto e sucateiro independente, garante que tudo não passa de uma cabala montada pelos inimigos lisboetas. “O meu presidente nunca faria tal coisa! É um amor, um anjo! Um amigo dos desvalidos! Olhe, está sempre a dar guarida a estas ganapas escanzeladas que passam fominha na Dragon Store. Olhe como a Fernandinha está mais coradinha agora! Um primor… E vê-se que é mesmo amor, sobretudo pela forma como ela está sempre a perguntar-lhe como vai o coração, se está tudo bem, se sente algum incómodozito, uma coisita qualquer que seja… Uma delícia!”


Ainda sobre as acusações antigas de agressões a jornalistas, mostra-se taxativo: “mais um estratagema desesperado dos mouros! Houve cá um episódio na assembleia-geral… Mas isso foi o repórter da Sporttv que começou a correr para a rua – mouro e ganancioso como é –, porque viu a cabeça do Pedro Abrunhosa no horizonte e pensou que era um ovo Fabergé, e embateu, ao fugir de uns adeptos simpáticos que só lhe queriam ajeitar o colarinho, no punho de um membro dos Super Dragões que estava nesse momento a fazer exercícios de consolidação muscular a mando do fisioterapeuta.”




Entretanto, um estudo efectuado recentemente pela Universidade Lusófona concluiu que 99,9% dos inquiridos acreditam que Pinto da Costa é culpado dos crimes de que é acusado, mas que 100% dos inquiridos acreditam que merece ser condecorado, por ter “passado a perna à polícia” durante tanto tempo.

E se é certo que a justiça não ficará satisfeita neste caso, este estatuto de imunidade diplomática deverá dar, contudo, uma certa almofada de conforto ao jurássico dirigente, já que fica protegido das punições decorrentes dos ilícitos que se cometem nesta idade, tais como conduzir na VCI num estilo encarpado de contra-mão, aparecer de tanga na praia ou contratar o Nuno Espírito Santo ao Jorge Mendes porque, apesar de toda a sua sabedoria, ainda não consegue ouvir “não” como resposta.

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