terça-feira, 13 de setembro de 2016

Adepto benfiquista em coma depois de saber que já não pode usar a piada “E o Sporting, onde é que joga na quarta?”



Não têm sido felizes os dias nas trincheiras encarnadas, agora que se sabe que o Sporting escapou decididamente à bancarrota e que irá mesmo entrar em campo para defrontar o Real Madrid, em jogo a contar para a Liga dos Campeões.

De um golpe, os adeptos benfiquistas viram-se privados daqueles que constituíam o princípio, meio e fim do seu stock de piadas sobre o clube de Alvalade. Dificilmente se verão, nos próximos tempos, figuras tão importantes como o jardineiro da câmara a dizer para o colega “amanhã é a Champignons, estás de folga”, ou o copeiro da Portugália a acusar o amigo de “só bater em ceguinhos na Liga Europa.”

Para um adepto em particular, o choque foi demasiado grande para aguentar, como explica a sua mãe, Maria das Dores, ao “Esférico”. “O Tó já andava muito em baixo desde que soube que o Jesus ia para o Sporting. Mas ia-se aguentando, porque na escola sempre podia dizer aos lagartinhos que para eles a ‘champiôns, só no sofá’, e que eram uns sortudos, ‘porque têm sempre folga à quarta’, entre outras alarvidades típicas de quem tem um cromossoma extra para a basófia.” Compungida, Maria das Dores olha para o céu, acrescentando “Era quase uma religião para ele! Chegava mesmo a entrar em transe, como um monge, sempre a murmurar ‘na quarta jogam na Playstation… na quarta jogam na Playstation’ – e assim mais de mil vezes.”

Porém, um dia tudo mudou, quando veio a público que o Sporting não ia desaparecer de um dia para o outro devido ao diferendo com a Doyen, como tinham garantido estranhamente sincronizados vários comentadores afectos ao Benfica. Para o Tó, a tragédia precipitou-se a partir daí. Primeiro foram os anti-depressivos – uma dose cavalar deles –, depois o acidente fatal. Já nesta terça-feira, vendo Jorge Jesus a fazer a antevisão do Real Madrid-Sporting, Tó saiu desvairado de casa e nunca mais regressou. A sonolência mórbida provocada pela medicação e a falta de objectividade – crónica – que há muito lhe cegava uma das vistas fizeram o resto: atravessando a estrada na altura errada, acabou por ser atropelado por um camião carregado de modéstia.

Junto à sua cama de hospital, a mãe do jovem adepto deixa o aviso: “que isto sirva de lição para toda a gente! Não se acomodem sempre à mesma piada. Um dia deixa de ser útil e podem acabar como o meu filho.”

Como o Tó, julga-se que milhares de outros benfiquistas sofram hoje em silêncio, seja por vergonha, ou falta de meios para consultarem um especialista. “Isto é como tudo na vida”, afirma o sociólogo José Pereira Fontório, “num dia pomos toda a nossa fé numa única piada, habituamo-nos a um certo estilo de gozo, e no dia seguinte tudo muda. Estas perturbações súbitas de massa cinzenta podem causar danos significativos nas pessoas, sobretudo em quem já está confuso por anos e anos de numerologia fantasiosa que não consegue suprir as nossas carências emocionais.”


O jovem Tó continua, à hora da publicação desta reportagem, em estado de coma no Hospital de Santa Maria, com prognóstico muito reservado. Não poderá portanto assistir à estreia nos convocados de João Carvalho, outro futuro Bola de Ouro da melhor formação do Dubai.

1 comentário:

  1. Segundo informações, o estado piorou, pois o corpo clínico do hospital estava a assistir ao Benfica -Besiktas e às 21:29 H as máquinas começaram a dar tocar, os médicos foram verificar e o Tó tinha entrado em convulsões.

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