domingo, 11 de setembro de 2016

‘Síndrome do Eusébio renascido’ volta a atacar com a convocação de José Gomes



Cinco! Nada mais, nada menos, do que cinco artigos sobre José Gomes publicados no site do Record, após saber-se que o jogador iria colmatar as ausências de Jonas e Jiménez na convocatória para o jogo de sexta-feira, em Arouca.

Isto assinala um novo máximo na Escala de Farinha, que mede os níveis de denguice editorial, tendo ainda o jovem atleta da equipa B do Benfica sido referido em pelo menos 18 outros artigos noutros jornais, incluindo um sobre um cozinheiro obscuro de Caracas, que em 1999 (ano do nascimento de José Gomes) terá avistado a imagem do Cristo Redentor nas regiões baixas de uma tortilla no restaurante onde trabalhava. Essa imagem, garantem agora os jornalistas do Record, corresponderia afinal à do jovem pubescente do Benfica B.

“O Esférico” contactou fontes próximas do Gabinete de Ejaculações Precoces daquele diário desportivo, mas não conseguiu obter uma resposta, uma vez que toda a equipa de investigação foi enviada ao ano de 62 A.C. para procurar igualmente nos céus de Olisipo (antiga Lisboa) augúrios cósmicos sobre a vinda do Profeta Negro à Terra – que agora se suspeita ser José Gomes, precisamente.

Esta não é a primeira vez que os jornais desportivos portugueses são assolados por aquilo que os compêndios médicos denominam de ‘síndrome do Eusébio renascido’, após no ano passado Renato Sanches ter sido votado o maior jogador de todos os tempos pela Academia das Taradices Relativas da imprensa portuguesa.

Segundo o professor Hernâni Bitaites, laureado em para-psicologia circense, esta patologia enquadra-se no domínio das infecções contagiosas, bastando, para se dar o contágio, que uma pessoa esteja a menos de 20 metros das lustrosas madeixas do Nuno Gomes, as quais libertam doses microscópicas de uma sub-espécie de amianto vermelho capaz de neutralizar a capacidade de raciocínio de qualquer mamífero consumidor de cebolada.

Os sintomas mais graves são a inibição da glândula da modéstia, a inclusão da exclamação “Benfica!” a cada duas frases aleatórias, e o exercício compulsivo de lambe-botismo jornalístico a troco de bilhetes e copos de whisky do Eusébio.

É de salientar que o emblema da águia não é alheio a estes surtos, estando por trás da histeria ligada a ‘prodígios’ como Mantorras, Nélson Oliveira, Freddy Adu, Urretaviscaya, Cortez, Carlitos, ou qualquer jogador que tenha dado um chuto de vermelho vestido.

Embora não seja conhecida uma cura definitiva para esta condição, é de conhecimento comum que uma estadia nas neves da Antártida pode ter efeitos suavizantes e aliviar a pressão constantemente sentida para se inventar notícias.

Que o diga joaquim_mangusto_1239, pseudónimo virtual de um ex-jornalista, que foi internado por esgotamento na ala psiquiátrica do Júlio de Matos em 2015, após os fatídicos dias que se seguiram à estreia de Renato Sanches. “Foi uma loucura! Ainda mal o miúdo tinha dados dois nós num defesa do Tondela e já estávamos encarregados de imaginar para ele todo um futuro que jamais acontecerá, para justificarmos as despesas em porta-chaves que o glorioso tem connosco. Nem o Ronaldo teve direito a tantas manchetes fictícias!”, afiança o malogrado repórter. E remata: “É verdade que o José Gomes ainda nem convocado foi e oferece tanta esperança como a careca do Krpan, mas tem tudo para superar os números do Ronaldo nas alucinações colectivas das redacções de Portugal inteiro, porque foi isso que o saudoso Mário Wilson previu numa noite em que a constelação de Libra estava alinhada com o Estádio da Luz – e isto é factual!”


Nota da redacção: Ao fecho desta edição José Gomes já se havia estreado com a camisola encarnada, estando 5 minutos em campo e originando de imediato uma corrida aos bancos panamianos por parte de Peter Lim e do Wolverhampton, para definir quem conseguirá bater os cerca de 50 milhões que o jogador ter-se-á valorizado no decurso de dois sprints inconsequentes e uma desmarcação sideral. Isto, note-se, apesar de militar numa equipa que joga um sucedâneo pobre daquilo que é normalmente chamado futebol.

1 comentário:

  1. É tão bom tão bom que, segundo o Record, mesmo sem rematar à baliza, esteve a centímetros do golo.

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