terça-feira, 11 de outubro de 2016

Benfica prepara plano de contingência para colmatar ausência de taxistas presos


O Benfica está a preparar um plano de contingência para colmatar a previsível ausência de adeptos nos próximos jogos do clube, nomeadamente na claque oficialmente não oficial No Name Boys, que de um golpe se viu privada de grande parte dos seus efectivos devido à onda de prisões que resultou do protesto dos taxistas no dia de sexta-feira.

Embora o coordenador da política de bons costumes e controlo de qualidade sebácea do Benfica, Jorge Máximo, continue a monte na penugem facial do adepto Barbas, “O Esférico” sabe que outros indefectíveis do clube encarnado não terão tido tanta sorte, uma vez que, com o fim anunciado da actividade de taxista, ficarão incapacitados de extorquirem turistas para comprarem os petardos e bastões que tanto colorido dão às bancadas da Luz.

O emblema da águia sofre assim um grande rombo no seu famoso manto, o qual, segundo um inquérito da Universidade de Sernancelhe, é maioritariamente composto por taxistas, estivadores, jornalistas e membros do conselho de arbitragem.

Fontes próximas da estrutura benfiquista já vieram expressar a sua preocupação com o caso, admitindo terem em marcha um plano alternativo de maus tratos às equipas de arbitragem e à língua portuguesa.

Aos microfones do “Esférico”, João Bataqueira, do Gabinete de Estratégias Maquiavélicas da SAD encarnada, afirmou: “temos que estar preparados, porque a época é longa, e não podemos passar muitos jogos sem uma claque que ameace violar as filhas virgens dos árbitros ou ameace pô-los no desemprego. Estamos por isso a estudar o envio do João Gobern para o topo sul do estádio, de onde poderá lançar uma sombra sobre toda a humanidade e aturdir de forma muito concreta os adversários com o hálito desmesuradamente ruim que deriva da quantidade de fezes verbais que expele diariamente.”

Os alarmes soaram no estado-maior benfiquista. Agora resta saber se o clube consegue sobreviver unicamente com o futebol minimalista de Rui Vitória e a poesia lírica da sua comunicação.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

ÚLTIMA HORA: Adepto na fila da bilheteira do Estádio da Luz acredita que senhora das queijadas é Guardiola



Um jovem adepto benfiquista viveu hoje momentos de excitação na fila da bilheteira do Estádio da Luz, quando julgou que uma senhora que ali vendia queijadas seria, na realidade, o treinador espanhol Pep Guardiola.

Ainda mal refeito desta comoção, o jovem, que pediu três vezes – sem sucesso – à provecta senhora que retirasse o seu disfarce de megera engelhada, falou em exclusivo ao “Esférico” sobre este – mais um – avistamento do ilustre timoneiro do Manchester City nas imediações fantasiosas do recinto do Benfica.

“Por um lado, as regras universais da lógica e do bom senso mandam-me desconfiar do facto de ninguém no estádio ter alguma vez visto o Guardiola. Por outro lado, liguei logo ao Nuno Farinha, ao José Marinho e ao José Manuel Freitas, e todos eles me confirmaram que a senhora das queijadas era, sim, hipoteticamente e seguramente, o treinador do City.”

O adepto, que milita actualmente na equipa de bilhar adaptado da Tasca do Manel Corcunda, acrescentou ainda outros detalhes sobre o episódio: “Estava muito bem disfarçado de velha, ao ponto de não se parecer nada com o Guardiola. Nem o tamanho dele tinha. Impressionante! Um verdadeiro profissional!”

Porém, confrontado com a estranheza de Guardiola viajar mascarado como um figurante da Disney, o adepto insiste, “Era ele de certeza! Via-se bem pelo olhar alucinado que deitava, aleatoriamente, aos cartuchos de queijadas e aos clientes que não chegavam. Só o Pep tem um olhar desses.”

Uma equipa de repórteres do “Esférico” abordou, contudo, a suposta senhora das queijadas, quando esta fazia negócio no parking do Pingo Doce de Benfica. Aos nossos microfones, a senhora foi evasiva sobre esta especulação, tendo ainda assim declarado que vendia “três pacotes pelo preço de dois”, se quiséssemos. Fica portanto no ar a dúvida, que o Record se encarregará de transformar em manchete.

Entretanto, “O Esférico” sabe que este jovem, que é um fã de futebol minimalista actualmente desempregado e que tinha de recorrer ao subsídio de sobrevivência para poder ver ao vivo as pauladas do Nélson Semedo, foi já recrutado para o Centro de Fontes Seguras da Global Media, onde, ainda esta semana, deverá fornecer testemunhos visuais fiáveis sobre as presenças de Ancelotti, Zidane e Mourinho em Carnide.

Recorde-se que o Centro de Fontes Seguras do gigante português dos media é uma força de elite, onde apenas entram elementos que correspondam aos mais elevados critérios do jornalismo de autor, tais como um completo desdém por regras de verificação básicas, um panorama psicológico difuso e tingido de vermelho, e uma capacidade nula de activar todo e qualquer pensamento racional.

domingo, 25 de setembro de 2016

Versões mascaradas de treinadores vivem debaixo do Estádio da Luz, onde também está refém o jornalismo português


“O Esférico” revela aqui em primeira mão um furo jornalístico bombástico, que muito fará por esclarecer a polémica da semana no futebol português. Afinal, terá Guardiola ido ao Estádio da Luz ou não? Para uns é certo que sim, tendo em conta as diferentes fontes jornalísticas e informações mais nebulosas que uma noite de nevoeiro em Dezembro. Outros garantem até que estiveram a pouco metros do lendário treinador catalão, tendo-o reconhecido pela farta cabeleira postiça e pelo apurado sotaque alfacinha a pedir bifanas.

Porém, “O Esférico” está em condições de garantir que tratar-se-á, sim, de um dos sósias mascarados de treinadores que o Benfica mantém nas masmorras por baixo do relvado da Luz, que ter-se-á escapulido durante a tarde de segunda e gerado toda esta natural confusão nas mentes impressionáveis dos jornalistas portugueses.

Ainda segundo a nossa investigação, tudo terá começado com uma intervenção do jornalista e moço de estrebaria José Marinho, que, estando inocentemente a usufruir do voucher semanal na Catedral da Cerveja com uma refeição muito espartana de lagosta e champanhe, terá visto essa mesma versão de Guardiola passar, inconfundível, com bigode, sombrero e o cartão de sócio do Benfica à lapela.

“Aí pensei para mim, tenho que partilhar isto ao mundo, pois não é todos os dias que podemos plantar notícias sobre pessoas que não vimos, com base em sugestões absolutamente impossíveis de provar”, reconhece José Marinho, lendário soporífero humano.

Desde então, tem-se dado uma onda de avistamentos de Guardiolas inédita! A histeria chegou mesmo a atingir níveis estratosféricos nas redacções do Record e do Correio da Manhã, pois são as que estão mais expostas às radiações emanadas da central de ficções literárias da Luz.

“O facto do Guardiola ter vindo disfarçado de Pepe Legal e não ter sido reconhecido por nenhuma das 50000 pessoas presentes não me causa estranheza nenhuma! Repare, o Casillas anda há muitos anos disfarçado de guarda-redes de topo, e ninguém reparou nisso. Há muita gente que faz o mesmo”, admitiu mais tarde José Manuel Freitas, jornalista itinerante do departamento de fantoches gordos da CMTV.

Há quem garanta, porém, que Guardiola esteve, sim, no estádio do Benfica, mas para observar as tácticas de propaganda do jornalista José Marinho, e não qualquer jogador.

 “O Esférico” sabe, contudo, que as masmorras do Estádio da Luz estão repletas destes sósias de treinadores, que usam os mais diversos disfarces para José Marinho poder garantir de fonte segura que são mesmo eles. Existe até uma versão de Mourinho, que em meses de míngua financeira é avistado recorrentemente nos corredores do estádio a garantir que vai pagar 80 milhões pelo Gonçalo Guedes.

De notar ainda que cada treinador vem em diferentes versões mascaradas, dizendo um conjunto de frases pré-programadas quando se lhe aperta o nariz. No caso de Guardiola, as frases “o Grimaldo vai ser o melhor lateral europeu” e “soy d’el Benfiqué desde pecanuto!” são um grande sucesso junto da pequenada encarnada.

Nas masmorras do estádio dos encarnados encontra-se também o sentido ético do jornalismo português, que ali é mantido a pão e torresmos há longo tempo, não sendo visto em público desde o famoso caso das SMS’s de Jesus.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Biólogos confirmam: Rui Gomes da Silva descende do camaleão-anão do cretáceo


Uma nova descoberta no campo da biologia vem agora contradizer aquilo que muitos especialistas julgavam certo. É que, afinal, ao contrário do que se dizia, não era David Bowie a versão humana do animal vulgarmente conhecido como camaleão. E há dados novos que comprovam que tudo o que constava nos livros de história estava errado.

De acordo com Afonso Lima Calhau, arqueólogo forense da área da biologia desviante, foram desenterrados, numa expedição à Patagónia portuense, novas ossadas do há muito extinto camaleão-maçon que revelam novos aspectos sobre os seus hábitos no passado.

“Pelo que sabemos, era um animal particularmente errático, com uma sede insaciável de protagonismo. Nas árvores gostava sempre de ser o primeiro a chegar ao galho, de onde proferia intermináveis calúnias sobre o seu arqui-inimigo, o lagarto-listado-do-Lumiar.”

Esta, porém, não era a sua única marca distintiva. Lima Calhau explica: “Era também conhecido por se camuflar na tundra com mestria e trocar os ovos dos rivais por caganitas de verborreia sólidas.” Eventualmente, esta espécie ter-se-á extinguido ainda no período cretáceo, obliterada pela restante fauna, que não suportava o seu constante resmungar imbuído de auto-satisfação, mas vazio de substância.”

Comparada esta espécie com os comportamentos de Rui Gomes da Silva, os especialistas viram-se perante uma única conclusão possível: será o conhecido comentador benfiquista o seu mais provável descendente.

“As semelhanças são espantosas”, exclama o arqueólogo, extasiado. “Desde logo, ficámos intrigados com a capacidade do senhor – uma pessoa tão flagrantemente oca – passar por humanóide português enfiando as palavras ‘slb’ e ‘bom e barato’ em qualquer frase avulsa e desconexa. Ora, o camaleão-maçon da Patagónia portuense fazia o mesmo no ritual de acasalamento, ao crocitar frases sem sentido com um ar de suma importância que tudo parecia legitimar.”

“Sabemos também que num período de desvario político, Gomes da Silva ter-se-á infiltrado um dia na assembleia da república, à hora do almoço, e aí ter-se-á camuflado no papel de parede do gabinete ministerial, conseguindo fazer-se passar por ministro durante longos meses – um tempo ainda hoje considerado record para qualquer camaleão-maçon.”

Mas estes não serão os únicos indícios que ligam o dirigente encarnado ao seu jurássico antecessor. O agora comentador tem sido protagonista das mais insanáveis contradições, assim como o camaleão-anão do cretáceo conseguia assumir a forma de diferentes laradas de dinossauro.

A título de exemplo, recorde-se que em 2013 Gomes da Silva disse “O Jesus fala de forma pura e genuína! Não tem papas na língua e devíamos louvar esta frontalidade num mundo tão cínico como este em que vivemos!” Porém, algum tempo depois, no programa O Dia Seguinte – onde vai para se alimentar dos dejectos segregados por outros opinadores – terá dito “O Rui Vitória fala de forma muito cordata e sonsa. Sabe calar-se e devíamos louvar esta frontalidade num mundo tão desbocado e frontal como aquele em que vivemos.”

Entretanto, o irascível painelista não pára, tendo já novos planos para descredibilizar a raça humana. No túnel de acesso ao seu covil do mal, terá dito aos repórteres que inadvertidamente lhe telefonam 6 vezes por dia: “Jorge Jesus queria ganhar logo tudo. Qual era a pressa? Um clube como o Benfica não pode ficar refém de resultados imediatos.” Uma reviravolta impressionante, portanto, já que há uns anos atrás terá dito: “Jorge Jesus quer ganhar logo tudo. Estamos com pressa! Um clube como o Benfica não pode ficar refém de uma espera interminável.”

Após estas declarações, Rui Gomes da Silva recolheu aos seus aposentos, onde, presume-se, terá passado o resto da noite a segregar micro-gotas de veneno pelo ânus, que depois mistura na Cerelac de “jotinhas” recém-nascidos. Estas tácticas de dissimulação não são, todavia, inéditas. Relembre-se que LFV, antes de chegar ao mais alto cargo do Lampistão, foi sócio de Benfica, Sporting e FC Porto em simultâneo, sendo ainda hoje detentor do record de piruetas ideológicas nas antigas piscinas de Alvalade.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Jesus é fluente em 'portunhol' porque essa é a língua oficial da formação do Benfica



Nos últimos dias muito se especulou e opinou sobre os dotes de ‘portunhol’ evidenciados por Jorge Jesus na ressaca da derrota do Sporting em Madrid. À baila vieram as mais extraordinárias teorias, sendo a mais interessante a de que Jesus será na realidade um filho ilegítimo de Savador Dalí – daí a propensão para criar obras de futebol surrealistas.

“O Esférico”, porém, sabe que Jorge Jesus desenvolveu este estranho dialecto quando estava ao serviço do Benfica, pois era um pré-requisito obrigatório para a profissão, uma vez que a língua oficial da formação encarnada é, precisamente, o ‘portunhol’.

“É reconhecido pelo mundo inteiro do Dubai que o Benfica tem a melhor formação do planeta! Todos os dias temos publicações e espiões do Dubai inteiro que vêm até ao Seixal perguntar ao Jorge Mendes que prémios deverão atribuir a seguir.” Quem o afirma é uma fonte próxima da imaginação de LFV, que, contudo, preferiu não se identificar.

Esta prática terá sido iniciada em 2007, ano em que Vieira anunciou pela 4ª vez uma grande aposta na formação. Desde então o Benfica tem formado telepaticamente alguns dos melhores flops da América Latina, sendo o mais reputado clube a nível mundial no treino de tiragem de passaportes, check-in de bagagens e embarque nos aeroportos de Buenos Aires e São Paulo. São esses os casos, por exemplo, de Bergessio, Urretavizcaya, Sidnei, Jara, Kardec e, mais recentemente, Talisca ou Mori – entre tantos outros –, todos eles formados no Benfica após duas semanas intensas de patuscadas no Restaurante “O Barbas”.

O processo é melhor explicado por Cássio Saca-Rolhas, especialista em ‘formação por osmose’ do clube da Luz. “A formação do Benfica não é uma coisa palpável, é uma coisa que se sente”, começa por dizer. “Há por aí muita gente que diz que são precisos muitos anos de esforços e sacrifícios continuados numa qualquer academia, mas isso é falso. Por isso é que o nosso ‘formadouro’ se chama “Caixa Futebol”. Um jogador chega, entra na caixa e sai de lá com a camisola do Benfica. Voilá! Está formado no clube.”

Já este ano, com o novo simulador 360º, o clube encarnado espera poder dar aos seus formandos uma perspectiva tridimensional das banhas do Pedro Guerra, da arrogância lampiã, do kit voucher, e de tudo o que precisam de saber sobre o benfiquismo em geral. “Então, o processo será ainda mais rápido do que encomendar uma manchete no Record”, exulta um entusiasmado Saca-Rolhas.

E os resultados estão à vista. O clube espera lançar no mercado, já em Julho, mais uma fornada de sul-americanos formados um mês antes no Seixal, tendo já sido abordados por vários colossos do futebol europeu que perguntam pelos nomes desses jogadores e desejam saber quanto milhões vão custar por cada capa de jornal.

Em relação aos técnicos Jorge Jesus e Rui Vitória, Saca-Rolhas prefere não entrar em comparações, até porque aprecia muito o penteado mais singelo de Rui Vitória, que não lhe ofusca a visão que é necessário ter sobre o melão do Luisão, também ele um produto da formação encarnada.

“O Jesus dava-se muito bem com o ‘portunhol’, porque tem um mestrado tirado no Belém, onde o Benfica punha a rodar toda a formação, até se lesionarem todos misteriosamente antes das deslocações à Luz”, diz. E adianta mais à frente: “O ‘portunhol’ nasce precisamente quando um jogador de língua espanhola é exposto a um visionamento intensivo das gravações do Eusébio e do seu português adaptado ao mundo-benfiquismo saudosista. O Rui Vitória, evidentemente, só se dá bem com o português, porque não existe em espanhol um equivalente para a palavra ‘cebolada’. Por isso é que percebe melhor quando o Gonçalo Guedes ou o Nélson Semendo lhe vêm dizer que o Jorge Mendes o mandou pô-los em campo, porque em Maio têm que assinar pelo Wolverhampton.”

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Adepto benfiquista em coma depois de saber que já não pode usar a piada “E o Sporting, onde é que joga na quarta?”



Não têm sido felizes os dias nas trincheiras encarnadas, agora que se sabe que o Sporting escapou decididamente à bancarrota e que irá mesmo entrar em campo para defrontar o Real Madrid, em jogo a contar para a Liga dos Campeões.

De um golpe, os adeptos benfiquistas viram-se privados daqueles que constituíam o princípio, meio e fim do seu stock de piadas sobre o clube de Alvalade. Dificilmente se verão, nos próximos tempos, figuras tão importantes como o jardineiro da câmara a dizer para o colega “amanhã é a Champignons, estás de folga”, ou o copeiro da Portugália a acusar o amigo de “só bater em ceguinhos na Liga Europa.”

Para um adepto em particular, o choque foi demasiado grande para aguentar, como explica a sua mãe, Maria das Dores, ao “Esférico”. “O Tó já andava muito em baixo desde que soube que o Jesus ia para o Sporting. Mas ia-se aguentando, porque na escola sempre podia dizer aos lagartinhos que para eles a ‘champiôns, só no sofá’, e que eram uns sortudos, ‘porque têm sempre folga à quarta’, entre outras alarvidades típicas de quem tem um cromossoma extra para a basófia.” Compungida, Maria das Dores olha para o céu, acrescentando “Era quase uma religião para ele! Chegava mesmo a entrar em transe, como um monge, sempre a murmurar ‘na quarta jogam na Playstation… na quarta jogam na Playstation’ – e assim mais de mil vezes.”

Porém, um dia tudo mudou, quando veio a público que o Sporting não ia desaparecer de um dia para o outro devido ao diferendo com a Doyen, como tinham garantido estranhamente sincronizados vários comentadores afectos ao Benfica. Para o Tó, a tragédia precipitou-se a partir daí. Primeiro foram os anti-depressivos – uma dose cavalar deles –, depois o acidente fatal. Já nesta terça-feira, vendo Jorge Jesus a fazer a antevisão do Real Madrid-Sporting, Tó saiu desvairado de casa e nunca mais regressou. A sonolência mórbida provocada pela medicação e a falta de objectividade – crónica – que há muito lhe cegava uma das vistas fizeram o resto: atravessando a estrada na altura errada, acabou por ser atropelado por um camião carregado de modéstia.

Junto à sua cama de hospital, a mãe do jovem adepto deixa o aviso: “que isto sirva de lição para toda a gente! Não se acomodem sempre à mesma piada. Um dia deixa de ser útil e podem acabar como o meu filho.”

Como o Tó, julga-se que milhares de outros benfiquistas sofram hoje em silêncio, seja por vergonha, ou falta de meios para consultarem um especialista. “Isto é como tudo na vida”, afirma o sociólogo José Pereira Fontório, “num dia pomos toda a nossa fé numa única piada, habituamo-nos a um certo estilo de gozo, e no dia seguinte tudo muda. Estas perturbações súbitas de massa cinzenta podem causar danos significativos nas pessoas, sobretudo em quem já está confuso por anos e anos de numerologia fantasiosa que não consegue suprir as nossas carências emocionais.”


O jovem Tó continua, à hora da publicação desta reportagem, em estado de coma no Hospital de Santa Maria, com prognóstico muito reservado. Não poderá portanto assistir à estreia nos convocados de João Carvalho, outro futuro Bola de Ouro da melhor formação do Dubai.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

UNESCO considera bancadas do Restelo património da humanidade, pois são a “última floresta virgem do país”



Parece não ter fim o fascínio da UNESCO pelas maravilhas do nosso país. Depois de em 2013 ter considerado o fado como património imaterial da humanidade, e de querer fazer o mesmo com o cante alentejano, agora a ilustre organização da ONU prepara-se também para dar início ao processo de homologação do recinto do C.F. Belenenses.

“O Esférico” está até em condições de adiantar que as conversações estarão já muito avançadas, com vista a que tudo fique concluído a tempo das comemorações do Dia Mundial da Árvore.

Celorico Hortaliça, chefe de gabinete da ‘agência para a proliferação da alface’, expressou ao “Esférico” a sua opinião sobre esta matéria: “Não há dúvidas sobre isto. Fizemos um levantamento exaustivo do território de Portugal e chegámos à conclusão que não existe praticamente nenhum sítio que não tenha sido violentamente esfacelado pelo Homem, a não ser as bancadas do Estádio do Restelo. É a última floresta virgem do país!”

Ainda segundo a UNESCO, o recinto do Belenenses tem a vantagem de possuir um micro-clima muito próximo do que terá sido a atmosfera da Terra antes da revolução industrial, uma vez que “está permanentemente desabitado e apenas é pisado aos domingos por uma manada de gado vestida de azul, que ali fica a pastar durante hora e meia, mas que, contudo, não tem qualquer influência no delicado equilíbrio bioquímico dos ares de Belém.”

Este anúncio surge na sequência de outras iniciativas do género, como a nomeação da ‘torre de Lopetegui’ como bem de utilidade pública ou o encerramento ao público das zonas baixas de Lili Caneças, outro monumento vetusto de Lisboa, agora já longe dos seus tempos de glória.

“O que torna o anfiteatro do Belenenses tão especial é que é nutrido por um micro-clima particular, no qual a concentração de partículas ‘poli-saudosistas’ é muito superior ao normal, devido à convicção profunda das suas gentes de que o clube tem algum tipo de relevância no futebol actual”, acrescenta ainda Hortaliça.


Ainda segundo a mesma fonte, outro factor que contribuirá também para esta honrosa distinção é o facto da vegetação se encontrar permanentemente humedecida pela saturação das lágrimas dos autóctones nas áreas circundantes, os quais, “ainda que não se atrevam a entrar no mítico recinto, contribuem assim indirectamente para que aquela continue a ser a única área selvagem não queimada do país.”

domingo, 11 de setembro de 2016

‘Síndrome do Eusébio renascido’ volta a atacar com a convocação de José Gomes



Cinco! Nada mais, nada menos, do que cinco artigos sobre José Gomes publicados no site do Record, após saber-se que o jogador iria colmatar as ausências de Jonas e Jiménez na convocatória para o jogo de sexta-feira, em Arouca.

Isto assinala um novo máximo na Escala de Farinha, que mede os níveis de denguice editorial, tendo ainda o jovem atleta da equipa B do Benfica sido referido em pelo menos 18 outros artigos noutros jornais, incluindo um sobre um cozinheiro obscuro de Caracas, que em 1999 (ano do nascimento de José Gomes) terá avistado a imagem do Cristo Redentor nas regiões baixas de uma tortilla no restaurante onde trabalhava. Essa imagem, garantem agora os jornalistas do Record, corresponderia afinal à do jovem pubescente do Benfica B.

“O Esférico” contactou fontes próximas do Gabinete de Ejaculações Precoces daquele diário desportivo, mas não conseguiu obter uma resposta, uma vez que toda a equipa de investigação foi enviada ao ano de 62 A.C. para procurar igualmente nos céus de Olisipo (antiga Lisboa) augúrios cósmicos sobre a vinda do Profeta Negro à Terra – que agora se suspeita ser José Gomes, precisamente.

Esta não é a primeira vez que os jornais desportivos portugueses são assolados por aquilo que os compêndios médicos denominam de ‘síndrome do Eusébio renascido’, após no ano passado Renato Sanches ter sido votado o maior jogador de todos os tempos pela Academia das Taradices Relativas da imprensa portuguesa.

Segundo o professor Hernâni Bitaites, laureado em para-psicologia circense, esta patologia enquadra-se no domínio das infecções contagiosas, bastando, para se dar o contágio, que uma pessoa esteja a menos de 20 metros das lustrosas madeixas do Nuno Gomes, as quais libertam doses microscópicas de uma sub-espécie de amianto vermelho capaz de neutralizar a capacidade de raciocínio de qualquer mamífero consumidor de cebolada.

Os sintomas mais graves são a inibição da glândula da modéstia, a inclusão da exclamação “Benfica!” a cada duas frases aleatórias, e o exercício compulsivo de lambe-botismo jornalístico a troco de bilhetes e copos de whisky do Eusébio.

É de salientar que o emblema da águia não é alheio a estes surtos, estando por trás da histeria ligada a ‘prodígios’ como Mantorras, Nélson Oliveira, Freddy Adu, Urretaviscaya, Cortez, Carlitos, ou qualquer jogador que tenha dado um chuto de vermelho vestido.

Embora não seja conhecida uma cura definitiva para esta condição, é de conhecimento comum que uma estadia nas neves da Antártida pode ter efeitos suavizantes e aliviar a pressão constantemente sentida para se inventar notícias.

Que o diga joaquim_mangusto_1239, pseudónimo virtual de um ex-jornalista, que foi internado por esgotamento na ala psiquiátrica do Júlio de Matos em 2015, após os fatídicos dias que se seguiram à estreia de Renato Sanches. “Foi uma loucura! Ainda mal o miúdo tinha dados dois nós num defesa do Tondela e já estávamos encarregados de imaginar para ele todo um futuro que jamais acontecerá, para justificarmos as despesas em porta-chaves que o glorioso tem connosco. Nem o Ronaldo teve direito a tantas manchetes fictícias!”, afiança o malogrado repórter. E remata: “É verdade que o José Gomes ainda nem convocado foi e oferece tanta esperança como a careca do Krpan, mas tem tudo para superar os números do Ronaldo nas alucinações colectivas das redacções de Portugal inteiro, porque foi isso que o saudoso Mário Wilson previu numa noite em que a constelação de Libra estava alinhada com o Estádio da Luz – e isto é factual!”


Nota da redacção: Ao fecho desta edição José Gomes já se havia estreado com a camisola encarnada, estando 5 minutos em campo e originando de imediato uma corrida aos bancos panamianos por parte de Peter Lim e do Wolverhampton, para definir quem conseguirá bater os cerca de 50 milhões que o jogador ter-se-á valorizado no decurso de dois sprints inconsequentes e uma desmarcação sideral. Isto, note-se, apesar de militar numa equipa que joga um sucedâneo pobre daquilo que é normalmente chamado futebol.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Entrevista TVI: Vieira quer transformar "iniciativa" dos vouchers num programa nacional de alimentação


Numa gravação secreta da entrevista concedida por Luís Filipe Vieira à TVI a que “O Esférico” teve acesso, o presidente encarnado revelou a sua satisfação com os resultados obtidos pelo programa de alimentação de árbitros do Benfica e manifestou a sua vontade de alargá-lo à escala nacional.

Este programa, conhecido como Programa Voucher Premium Eusébio, representou um dos temas mais quentes da época transacta, sendo inevitável a sua abordagem na entrevista, embora se desconheçam os motivos porque a TVI terá omitido este trecho do directo. À redacção do “Esférico”, fontes da estação privada garantiram porém que tudo não passou de um lapso atribuído à interferência das calotes árcticas que se deslocam do norte nesta altura do ano, e que o directo “foi imediatamente retomado assim que as perguntas desprovidas de pertinência voltaram à baila.”

Falando a Diamantino Miranda, que acabava de atingir o clímax orgásmico com as bicadas a Jorge Jesus, o nada orelhudo líder encarnado justificou a existência do programa Voucher com a necessidade de receber bem os árbitros. E garantiu ainda que a oferta de tantos vouchers não afecta a neutralidade dos homens do apito, uma vez que um dia foi assistir à alimentação do Pedro Guerra e ficou enojado com o que viu. “Quanto muito, predispõe-os contra nós”, disse. “A lagosta cai-lhes mal e, às tantas, quase que vêem as faltas cometidas pelo Jardel na área. Mas depois passa-lhes, porque ao molho das trufas juntamos sempre uma poeirazinha retirada da Taça da Liga roubada ao Paulo Bento, e isso deixa-os num estado de sugestão letal em que se julgam todos afagados pelo enorme manto encarnado.”

Sobre o programa, mais concretamente, Vieira explicou a sua visão para o futuro. “Teve resultados admiráveis, ao ponto de nem termos tido que recorrer ao Barbas para distrair os adversários. Agora, queremos transformá-lo num programa nacional de alimentação, em que cada criança recebe à nascença um voucher com direito a bifanas nas rulotes da Luz e um stock inesgotável de basófias como “somos os maiores”, “o glorioso somos nós” e “ninguém pára o Benfica”.

Para além disso, Vieira abordou ainda outros temas da actualidade, garantindo que a vontade do clube era que Jesus tivesse ficado, mas assegurando também que este não era o treinador certo para o Benfica. O presidente do grande português prometeu ainda uma batalha sem tréguas aos inimigos dos encarnados no domínio da ficção comentarista, tendo garantido que os mártires do painelismo encarnado terão à sua espera no céu um plantel de jovens virgens 100% formadas no Seixal.

Ainda sobre esta matéria, prometeu também deixar de investir em jogadores a curto prazo. Relembre-se que esta é a primeira vez que Luís Filipe Vieira promete deixar de investir em jogadores desde o mês passado, depois de ter prometido não investir em jogadores em 2012, 2013, 2014 e 2015.

Na mesma entrevista, o presidente das águias confessou também ter conversas frequentes com Deus, nas quais Este ter-lhe-á dito que Renato Sanches ainda vai render 400 milhões ao clube por objectivos, pois é uma entidade divina e irá reencarnar 4 vezes como jovem júnior no Seixal. Após o que o Pinóquio-Supremo da Luz recolheu aos balneários do seu vetusto bigode, onde irá passar o inverno a urdir mais imbricados e verbosos impropérios para gritar aos dirigentes da Liga na tribuna do Estádio da Luz.


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Encarnados esclarecem: quem bebe cerveja em canecas do Benfica também é da formação do Benfica


A polémica estalou na sexta-feira, altura em que foi divulgada a lista do Benfica para a Liga dos Campeões. Num raro vislumbre de objectividade jornalística, vários diários desportivos romperam por instantes a tradição de nunca escreverem nada que belisque a reputação do Benfica ao informarem que o clube encarnado tem apenas três jogadores da formação no plantel. A notícia caiu que nem uma bomba junto dos adeptos do clube, que até aqui julgavam que Jovic, Zivkovic, Kalaica e Benitez também o eram, por nunca os terem visto a jogar.

Joaquim Fosquinhas, jornalista do Record com a pasta das manchetes das
Algumas obras emblemáticas de
Joaquim Fosquinhas
‘vendas milionárias do SLB que jamais serão realidade’, fez uma pausa na elaboração de babosas declarações de amor ao Benfica no Facebook para confessar ao “Esférico” as dificuldades inerentes a este artigo. “Tudo começou por ser um dia perfeitamente normal. Acordei ao som do ‘Sou Benfica’, fiz uma oração por São Vítor Pereira e vesti com perverso prazer as minhas cuecas edição especial Caniggia. Assim que me meti no autocarro, depois de já ter tragado um whiskyzito em memória do King, comecei logo a redigir na minha mente uma mentira qualquer sobre o Bruno de Carvalho, e ia já todo contente a pensar nos bilhetinhos grátis para a bancada Emirates quando o director me chama ao gabinete dele. Percebi logo que era grave, porque estava a chorar compulsivamente sobre o retrato orelhudo do Luís Filipe Vieira…”

Foi então, segundo Fosquinhas, que António Magalhães lhe deu uma ordem que mudou a sua vida para sempre. “Olhe, disse-me que tinha mesmo que escrever sobre isto, senão o Jesus revelava tudo na próxima conferência de imprensa e obrigava os adeptos do Benfica a contar até três sem o filtro encarnado do Record. Não tivemos escolha.”

Logo após a publicação da notícia – conta ainda, emocionado, o repórter – os estafetas que traziam os bilhetes de jogo deixaram de aparecer. “Sinto que cometi um crime lesa-majestade e que agora sou um vilão de uma intriga do João Gabriel”, desabafou, flagelando-se múltiplas vezes nas costas. Embora não fosse totalmente claro – pois Fosquinhas sufocava num mar de baba –, é provável que estivesse a referir-se ao Acordo Ortográfico Cosme Damião, que impede, sob ameaça de despedimento, a publicação de palavras grisalhas sobre o clube encarnado. “Até aqui consegui enganar-me a mim próprio, acreditando que sou um jornalista a sério. Mas a partir de agora, quem é que vai acreditar nos meus louvores à ‘estrutura’ e ao ‘toque de Midas’, se for obrigado a escrever factos verídicos sobre o glorioso?”, lamentou-se, profetizando um futuro de intensa mágoa antes de se despedir. “Agora, se me permitem, vou ali imolar-me aos pés da estátua do Eusébio com os meus outros colegas que foram também barbaramente forçados a replicar esta notícia.”

Porém, o director para os assuntos matreiros do Benfica, João Metralha, apresenta uma versão completamente diferente do assunto. E aponta para um critério próprio na identificação de jogadores da formação.

Sentado no seu cadeirão feito das almas amarfanhadas de jornalistas, falou em exclusivo para “O Esférico” sobre esta matéria. “Essa notícia é completamente falsa! É uma ofensa à memória do Eusébio! E quem escreveu isso não gosta de pessoas negras nem de criancinhas inocentes e vai ser processado – e isto não é de modo nenhum uma forma de coagir jornalistas e opinadores! Escute lá, você gosta de teatro…? Não quer um camarote para o musical do Benfica, não…?”, começou por insinuar, ameaçar e aliciar o ardiloso dirigente.

“Bem, mas vejamos lá isso. Nós, só neste plantel, temos uns 20 jogadores formados no Benfica! Não acredita? É o Dubai que o garante! E eles têm critérios mais fiáveis do que a FIFA, com base no livro de cheques do Jorge Mendes. Mas olhe,” interrompeu, “tem a certeza que não quer um destes docinhos colombianos…? Ou um relógiozito da Fundação Benfica?”

Todavia, perante a insistência do nosso enviado especial, Metralha lá acabou por esmiuçar os critérios da formação encarnada. “Pronto, eu explico, não fuja… Sabe, nós temos um sistema de formação universalista, ou seja, assente no capricho onírico do nosso grande e orelhudo líder. Para nós, qualquer pessoa que beba cerveja em canecas oficiais do Benfica é da formação do Benfica. Temos uns 2 milhões de homens, mulheres e homúnculos prontos a darem o seu contributo…assim que a UEFA alterar as suas injustas regras que não tiveram o consentimento do nosso Pinóquio-Supremo. Tanto inscrevemos aqueles três na Champions, como poderíamos ter inscrito o filho da dona Rosa das rulotes, que desde catraio bebe Sagres nas nossas canecas e sonha de noite que faz cabritos ao Eliseu nos verdes campos do Seixal. Ou até o Rafa, que já no berço era amamentado com uma espécie de benfiquismo latente que se manifesta 20 anos mais tarde conforme as conveniências. E você, não quer ser também da nossa formação? Veja lá… Tenho aqui uma canequinha…”

Aos leitores do “Esférico”, fica aqui, portanto, o esclarecimento.

sábado, 3 de setembro de 2016

ENTIDADES MITOLÓGICAS DO FUTEBOL PORTUGUÊS: #002 - Paulinho Santos


#002 - Paulinho Santos

Mamífero de porte médio, da ordem dos carnívoros, que prosperou nos campos relvados do norte.

Descendente remoto da hiena-listada anã, criatura da era jurássica que caçava as suas presas projectando-se sobre elas a pés juntos, após breves escaramuças no túnel de acesso à savana.

Lendário caluniador, mas com um léxico limitado, revelava na hora de injuriar, contudo, um conhecimento profundo dos costumes eróticos das mães dos visados.

No que toca aos seus hábitos alimentares, este predador evidenciava um apetite voraz, saciando-se várias vezes ao dia com as carreiras desfeitas de jovens júniores do FC Porto, reservando todavia as grandes refeições para o fim-de-semana, as quais consistiam essencialmente nas tíbias e fémures dos seus adversários, sendo ainda a cabecinha-de-João Pinto a murro uma iguaria por ele muito apreciada.

De fulgor precoce, mas de rápido desgaste (como o rito sexual de um aficionado da musculação), o pico da sua actividade dá-se normalmente entre os 20 e os 35 anos, período em que a sua reputação de devorador de árbitros está no auge.

Velho e descredibilizado, pode ser hoje encontrado a pastar tranquilamente nos verdejantes prados do Centro de Treinos de Gaia, onde introduz jovens jogadores azuis-e-brancos às técnicas de demolição de pernas.

Contudo, não conseguiu evitar, numa batalha contra o seu arqui-inimigo Beto Acosta, a perda de parte do maxilar, o qual ainda se encontra exposto no Museu do Sporting, ao lado de outros despojos de guerra, como a touca de dormir do Rodrigo Tiuí ou o certificado de desparasitação de Mário Jardel.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Rafa é o candidato surpresa à Bola de Ouro após assinar pelo Benfica



“O Rafa está muito melhor desde que assinou pelo Benfica.”

Quem o afirma é Evaristo Malquisto, secretário técnico da FPF, que tem acompanhado de perto a evolução do jogador desde que este falhou um golo de baliza aberta contra o Benfica, na final da Supertaça.

Desde então, é sabido, as leis da física obrigaram a que o jogador se mantivesse indivisível e optasse por fazer prevalecer a capa do jornal
Numa decisão dramática, jogador
teve que escolher entre ser
capa do Record ou capa d'A Bola.
Record, o que levou a que 'A Bola' entrasse em espiral descendente após ter garantido que Pinto da Costa firmara a sua contratação, com a inclusão no negócio de uma cláusula de acesso à boite Calor da Noite para toda a equipa técnica do Braga.

Evaristo Malquisto, que há dois anos atrás era massagista amador em Vila Nova de Fânzeres, foi também ele descoberto por olheiros do Benfica, após uma exibição em grande nível no Campeonato Regional de Massagens à Próstata, tendo assinado com os encarnados na época de 2014/2015. Poucos dias depois, era já o eleito por Fernando Gomes para massajar os peitorais oscarizados de Cristiano Ronaldo. O seu percurso é portanto, como o próprio salienta, muito semelhante ao de Rafa.

“A evolução de Rafa tem sido tão extraordinária desde que assinou ontem à noite pelo SLB que não resta outra alternativa a Fernando Santos senão dar-lhe a titularidade absoluta e vitalícia na selecção, pelo menos enquanto estiver na Luz!”, adiantou. “Acredito mesmo que seja desnecessário colocar outros colegas dentro de campo, porque só o valor base do Rafa chega para tornar o CR7 numa flatulência nostálgica do passado, e temos ainda que ter em conta que cada milhão que o Rafa encareceu nos últimos dias corresponde a uma finta adicional no seu arsenal de reviengas”.

Imediatamente, o “Renato Branco”, como os adeptos encarnados desde sempre tão carinhosamente o chamam desde ontem, granjeou uma tremenda onda de apoio nas conferências de imprensa, calculando-se que 4 em cada 5 perguntas sejam sobre o cachecol do Benfica que usava ao pescoço na sua breve passagem pelo útero da sua mãe.

“Se calcularmos o número de milhões pagos por ele, e multiplicarmos isso pelo número de capas que o Jornal do Benf… – err, perdão, o Record, fez sobre ele, verificamos que o jogador, desde segunda à noite, valorizou-se uns 200 milhões de euros e é já candidato à Bola de Ouro, fazendo dele o jogador mais caro de sempre a sair do Benfica por 3 milhões de euros. Isto é parecido ao cálculo que fizemos do Gonçalo Guedes, que por ter jogado meia-dúzia de vezes no onze titular e fintado 1 ou 2 pinos no treino vai já ser vendido por 30 milhões ao Valência. 3 milhões pelo passe + 27 milhões quando ganhar indiscutivelmente a Bola de Ouro.”

Porém, vale a pena recordar que estes saltos qualitativos não são raros no futebol nacional, sobretudo quando se relacionam com transferências para o Porto e o Benfica. Não é preciso recuarmos muito para nos lembrarmos dos extraordinários casos de Licá ou Josué, que numa semana eram uns cepos que nem entravam no onze ideal da Liga dos Últimos, e na semana seguinte eram uns prodígios de fazer inveja ao Messi, com via directa para o onze inicial de Paulo Bento, só porque assinaram pelo Porto e o regime de treinos no Centro de Gaia é muito intenso, com todas aquelas trepadelas à torre de observação.

Também Custódio ou Hugo Viana passaram por semelhante processo, assim que perderam no Centro de Recauchutagem da Gestifute todos os traços futebolísticos que faziam deles o Custódio e o Hugo Viana – pelo menos aos olhos do seleccionador. Ou, mais recentemente, os casos de Ivan Cavaleiro e Nelson Semedo, do Benfica, que após um total de 4 cruzamentos falhados e 3 aparições no Main entre eles ganharam o direito de jogar ao lado de Cristiano Ronaldo.

De fora deste milagre ficam, para já, todos os jogadores do Sporting,
por não terem acesso ao néctar mágico que jorra das tetas de Jorge Mendes, nem à lista de reforços do Guardiola que o João Gabriel redige nos intervalos das suas criações literárias. Assim, terão que continuar a trabalhar três vezes mais que os outros só para que Fernando Santos os convide para assistirem aos jogos da bancada, isto apesar de terem um valor de mercado muito superior aos restantes.