Mal se levantou a
possibilidade de o Benfica não marcar presença no jogo com o Tondela, as redes
sociais viraram palco de um tumulto de proporções apocalípticas. Efectivamente,
diversas fontes ligadas às mais altas esferas do Rui Vitória exprimiram já o
seu descontentamento com o estado do relvado do Estádio João Cardoso. Em
declarações exclusivas ao “Esférico” uma delas não se fez rogada na hora de criticar
a postura do clube tondelense perante aquilo que considera ser “uma incompreensível
atitude de desafio ao primado do benfiquismo.”
“O Rui está inconsolável. Não
pára de comer cebolada, fica assim quando anda deprimido.” Explica ainda a
mesma fonte, tudo isto acontece porque “o campo do Tondela está em condições
demasiado boas para a prática do nosso futebol. Isso prejudica-nos, claramente!
Está plano, tem uma ou outra pelada catita, foi aprovado pela FPF, e nós só
estamos habituados a jogar em relvados cheios de buracos das pisadelas do
Taarabt e com uma inclinação preferencial de 90 graus devido à presença do João
Capela.”
Por outro lado, um sócio do
Tondela confessava o seu optimismo para a partida frente ao emblema da águia,
uma vez que, segundo ele, um erro burocrático pode virar a sorte do jogo a
favor da equipa da casa. Para que isso aconteça, basta que o motorista do
autocarro do Benfica troque no GPS as coordenadas do Estádio Municipal de
Aveiro pelas do Estádio João Cardoso. “Faz parte dos estatutos vinculativos da
Liga que qualquer clube que receba o Benfica tenha que, na preparação do jogo,
inclinar o campo para que o Benfica possa explanar todo o seu futebol vertical
e o Rui Vitória aplicar a sua estratégia de esperar pelo penalty da praxe.” Porém,
e ao que o “Esférico” pôde apurar, alguém dos serviços técnicos dos tondelenses
terá trocado a expressão "campo inclinado" por “campo pelado”, precipitando de imediato a
fatídica intervenção no relvado. Será isto que está na base das veementes
queixas dos encarnados.
Já Adriano Pluma-Negra,
presidente da Associação de Suinicultores do Norte e Centro, afirmou estarmos
perante um cenário de catástrofe para os suinicultores. “Será uma dupla
tragédia”, gritou, enquanto arrancava um molho de cabelos com as mãos. “Todos sabemos
como a economia suinícola local depende em larga escala das deslocações do
Benfica a esta região, devido ao apetite insaciável dos seus adeptos por bifanas
e couratos. Será uma desgraça para os criadores, que já contavam com isto para
compensar as dificuldades de escoamento do produto que se verificam desde que o
Valentim Loureiro deixou de oferecer febras ao quilo em tempo de eleições.”
Mas, se uns se queixam do
impacto que a ausência do Benfica poderá ter na região, outros relembram episódios
menos felizes protagonizados por adeptos do clube lisboeta. Ainda mal refeito
do susto, Mariano Monforte, operador de caixa no Estádio D. Afonso
Henriques, descreve os momentos de
aflição vividos há 2 anos atrás, quando uma facção cleptómana de adeptos
invadiu a fan store do Vitória de Guimarães. “Olhe, pareciam uma
autêntica claque de futebol! Só que em vez de procurarem a claque adversária,
procuravam sacos e cuecas de senhora. Estavam completamente alucinados. Só me
lembro de ver uma coisa assim na black Friday dos Estados Unidos, em que
as pessoas se atropelam, esfolam, batem umas nas outras por um par de ténis,
mas ao menos pagam à saída. Se quer a minha opinião, o pessoal do Tondela só
tem a ganhar com isto!”
“O Esférico” gostaria porém de relembrar que
esta não é a primeira vez que o Benfica se desloca a um terreno adverso. Nos
últimos anos, por diversas vezes visitou o reduto do Sporting, um clube que tem
sido criticado por, ainda na vigência de Dias da Cunha, ter optado por um relvado
estilo ‘queijo suíço’ – uma opção de elevado risco, tendo em conta que a FIFA recomenda
o estilo ‘praticável’ para todos os terrenos de futebol. “O relvado dos
lagartos é uma coisa que tem mais remendos do que a cara da Lili Caneças, mas
ainda assim não teve que levar com o Taarabt em cima. É muito difícil jogar lá,
porque somos obrigados a praticar algo semelhante ao futebol a sério, e isso baralha
o nosso treinador.”
A confirmar-se este cenário,
esta não seria a primeira vez que o clube da Luz falta a um encontro.
Recorde-se que em Novembro do ano passado não compareceu ao Benfica-Sporting
referente à 8ª jornada do campeonato e, já neste mês, fugiu como o diabo da
cruz de qualquer presença na convocatória da selecção de futebol olímpica.
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