Viveu-se ontem um dia agitado
para os lados de Alcochete, após notícia que dava conta da insatisfação do
avançado Slimani com o seu clube. Segundo relatos da imprensa desportiva, a
seguir ao treino matinal o jogador terá chegado a vias de facto com o poste
de uma das balizas, e abandonado o local para ir dar uma cotovelada no Samaris,
não tendo posteriormente regressado para a sessão da tarde, que assim contou
com o roupeiro Paulinho a fazer as vezes de ponta-de-lança.
Contactado pelo “Esférico”,
o empresário do jogador confirma que pelo menos um clube “de topo” se prepara
para fazer chegar uma proposta a Alvalade, através de uma complexa engenharia
financeira que passa por disfarçar 1 trilião de rupias indianas de dinheiro a
sério, e apresentá-las a Bruno de Carvalho embrulhadas num rolo temático dos
cinco violinos, o que, espera-se, será suficiente para convencer o líder
leonino a abdicar do astro argelino.
“É inconcebível que Bruno de
Carvalho não tenha logo aceitado esta eventual proposta inventada!”, queixa-se
ainda Luca Bascherini. “Com o Godinho Lopes, por exemplo, bastava que alguém
escrevesse na zona de comentários do site d’O Jogo que o Nice pretendia comprar
uma das pérolas da formação a troco de um cupão de desconto na loja dos
croquetes para que logo o jogador fosse enviado ao destinatário a cavalo do
Cátio Baldé. Aliás, foi assim que o Daniel Carriço foi vendido!”
Nas imediações do estádio de
Alvalade, contudo, as pessoas que por ali passavam não conseguiam disfarçar a
preocupação.
“O Esférico” esteve no local
a acompanhar a situação e recolheu vários testemunhos de adeptos leoninos.
Para João Brita, pedreiro de
34 anos, a questão prende-se sobretudo com direitos laborais. “Os trabalhadores
devem lutar pelos seus direitos”, afirmou, para logo de seguida acusar as entidades
patronais de pressões indevidas. “É verdade que lhe deram a suite presidencial
no estágio da Suíça…”, começou por dizer. “Mas olhe que passar a noite toda a
ouvir o Jorge Jesus no quarto ao lado a repetir a palavra ‘engarssado’ sempre
que uma piada dos Malucos do Riso dava na tv configura uma clara violação da
Convenção de Genebra. Por isso percebo bem a insatisfação do Sulimane!”
Já para Adelino Manápula,
destacado especialista da área da psico-avarice, as coisas vão além das concepções
tradicionais. “É certo que o jogador pode ter a adoração dos adeptos, o
respeito do treinador, um salário milionário e um harém de supermodelos nas
traseiras da mansão”, começa por dizer. “Mas isso não é tudo na vida! Perguntem
ao Ricardo Salgado!”
Segundo o médico, “não é
raro um futebolista apresentar sintomas daquilo a que no mundo da psicanálise desigamos
por ‘jardelite aguda’.” Nestes casos, explica Manápula, este mal passa por três
fases distintas, antes do jogador atingir o estado de completa irrelevância
futebolística. “Primeiro, começam por não se recordar de onde fica o local de
treinos,
depois passam a dormir com o telemóvel colado ao
ouvido à espera de uma chamada do Florentino Pérez – o que os impede de
alimentar-se ou jogar Playstation –, e finalmente assinam pela Gestifute. A
irrelevância futebolística – o estado que antecede a morte – chega logo a
seguir, quando depois de rodarem pelas equipas B de Benfica, Valencia e At.
Madrid, assinam pelo Braga ou pelo Rio Ave, isto se não rumarem antes ao vibrante
campeonato da Arábia Saudita.”
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