segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Rui Vitória justifica empate com autocarro de cebolada do Setúbal


E ao primeiro jogo da época em casa, o Benfica tropeça. De facto, dificilmente as coisas poderiam ter corrido pior à equipa encarnada na 2ª jornada do campeonato, a começar desde logo pela equipa sadina, que se apresentou num grau competitivo avesso aos desígnios do treinador da águia, Rui Vitória.

Após o apito final, apenas desolação nas bancadas. As faixas tão galhardamente exibidas foram rapidamente retiradas, a águia Vitória recolheu à gaiola e milhares de adeptos que rumaram à Luz sumiram-se na noite sem perspectivas de vida para o dia seguinte.

Nas imediações do estádio ainda se imolavam os últimos couratos ao Deus Renato, quando o treinador do Benfica deu entrada na sala de imprensa. Apesar do desalento óbvio, no ar pairava o consenso generalizado de que o Benfica tinha afinal ganho o jogo, sensação comum  entre as mais altas cúpulas do clube e o adepto vulgarmente conhecido por ‘Barbas’. E, se na classificação geral não lidera, na tabela dos delírios colectivos surge já como líder destacado, estando apenas a um triunfo de se sagrar campeão pela 112ª vez desde a sua fundação.

Então, o que mudou, afinal, para que as coisas não tivessem corrido de feição? Rui Vitória responde.

“No ano passado eu podia colocar todas as minhas perguntas sobre táctica, treinos e contratações ao cérebro do Jorge Jesus, que o Gaitan guardava sempre com muito carinho na mochila do treino. Este ano, infelizmente, é o que se vê. O Gaitan pisgou-se, levou com ele o cérebro do Jesus para continuar a pedir-lhe conselhos sobre futebol e discos do Toni Carreira, e eu estou obrigado a desenrascar-me sozinho”, desabafou o auto-denominado ‘rei da postura’, audivelmente maçado.

“A criatividade não é o meu forte, confesso. Uma vez participei num concurso de culinária na escola e a única coisa que me saiu foi uma cebolada insonsa. Posso dizer que disponho os meus bifinhos no tacho como disponho os meus jogadores em campo, tudo ao molho e o Jonas lá na frente. Não estava era à espera que o Setúbal usasse a minha cebolada para construir uma barreira impenetrável à frente da baliza... Se isto pega, vamos ter de comprar um 10º extremo, para ajudar-nos a comer este mingau todo e abrir umas brechas na defesa contrária.”

Falando depois sobre outros projectos culinários que tem em vista para o futuro, o treinador do Benfica fez ainda a antevisão do que resta da temporada. “Agora, sem as ideias do Jorge Jesus, e com uns 17 extremos novos que todos os dias me pedem orientações, estou à beira de um esgotamento nervoso. Aliás, só este estado de letargia mental que me persegue para todo o lado é que pode explicar que, com uns 7 atacantes no plantel, tenha posto o Pizzi a avançado. Não é fácil ter pensamentos…”

Rui Vitória, que voltou a não falar da arbitragem referindo-se apenas várias vezes ao árbitro, ao homem do apito e aos juízes que avaliam os lances, respondeu ainda a uma série de perguntas colocadas pelos jornalistas, como por exemplo o que achou do elegante voo da águia Vitória antes do apito inicial, em que lugar coloca Luís Filipe Vieira no seu top de ídolos, e quantos dedos tem uma mão.

“O Esférico” tentou ainda colocar uma questão sobre a alegada insatisfação de Luisão, mas, curiosamente, as luzes apagaram-se nesse preciso instante e o sistema de rega disparou na sala de imprensa, deixando os repórteres presentes extasiados com a funcionalidade dos aspersores benfiquistas.

Já o presidente do Benfica, no seu habitual estilo de não dizer nada dizendo tudo por interposta pessoa, terá sido ouvido a criticar hipotética e duramente a arbitragem junto do vice-presente do conselho de arbitragem, que poderá ter estado ou não ao lado de Luís Filipe Vieira na tribuna da Luz, dependendo de que lado é que o Pedro Guerra acordou hoje.

Apesar da fúria dos encarnados, “O Esférico” sabe, contudo, que a direcção do clube decidiu não revogar os vouchers a que a equipa de arbitragem tem direito, tendo apenas dado ordens à Catedral da Cerveja para que fossem servidas sandes de atum com molho da glândula biliar do João Gobern, em vez da tradicional Lagosta à Capela.


Finalmente, destaque também para a equipa do Vitória de Setúbal, que, no meio de tanta infelicidade dos jogadores da casa, ao conquistar 1 ponto consegue ser notícia pelos piores motivos.

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