“Estou acabado! As pernas já
não reagem, perdi a vontade de viver.” Foram estas as palavras proferidas pela
mais recente vítima das engenharias financeiras de Jorge Mendes e companhia. O
jogador – que preferiu não ser identificado – encontra-se internado em estado
grave na unidade de poli-traumatizados do Hospital de Santa Maria, e acedeu a
explicar ao “Esférico” em detalhe os contornos do último e atribulado ano da
sua carreira.
Segundo o próprio, em pouco
mais de 12 meses já passou por 8 clubes, a saber, Benfica, Braga, Valência, FC
Porto, Atlético Madrid, Rio Ave, Mónaco e Wolverhampton. Visivelmente abatido,
o jogador explica como esse processo provocou um desgaste maior nele do que no Higuain
após um sprint até ao buffet de picanha. “Tudo isto aconteceu porque
tenho passado mais tempo em aviões e notários do que dentro de campo. Eu era
goleiro no Brasil. Mas o Jorge Mendes, com a sua magia, vendeu-me ao Benfica
como avançado. E vai daí marquei muitos golos no Benfica, mais concretamente
zero, e então me meteram num avião para Valencia, e foi aí que os meus
problemas nos joelhos começaram, porque não é fácil estar tanto tempo sentado
num avião.”
A verdade é que, apesar de
não ter feito qualquer jogo oficial no Benfica, a capacidade que demonstrou na
pré-época para vestir a camisola encarnada despertou logo a atenção daquele
grande de Espanha. Por esta altura, o seu valor de mercado havia já disparado:
15 milhões de euros, em média 1 milhão por cada capa de jornal.
Em Espanha a experiência ainda
correu melhor que na Luz, tendo o jogador contabilizado zero tentos em outros
tantos jogos, 20 dos quais na Playstation. Ao que “O Esférico” apurou, foi
difícil convencer Nuno Espírito Santo (na altura treinador do clube) a abrir
mão de tão valioso talento. Mas tudo terá ficado resolvido quando o Super e
Tremendamente Esbelto empresário Jorge Mendes garantiu o despedimento de José
Peseiro, tendo com isso dissipado os receios do então treinador do Valencia de
não ter na nova época nenhum clube de topo onde dar seguimento à sua senda de não ganhar títulos.
Foi então que o protagonista
desta história foi cedido a custo zero ao Braga, com a obrigatoriedade de o FC
Porto adquirir o seu passe por 16 milhões no final da época, e de o Braga ceder
Danilo ao Benfica, que depois pagaria 15 milhões por este ao Valência,
recebendo o FC Porto, assim, Nuno Espírito Santo, para ocupar o muito desejado
cargo de Comendador do Entreposto Comercial do Dragão, devido ao seu vastíssimo
currículo de 33 transferências adjudicadas em apenas 40% de vitórias como
treinador.
Se o leitor está confuso,
não esteja. A feitiçaria negocial do Super e Tremendamente Esbelto empresário
Jorge Mendes é reconhecidamente complexa, e por isso impenetrável para os
cérebros dos jornalistas desportivos, incluindo os do “Esférico”, que estão a
esta hora plenamente empenhados em repetir a frase “Super e Tremendamente
Esbelto empresário Jorge Mendes” mil vezes na ardósia da redacção.
Quanto ao protagonista desta
história, não tem parado de se valorizar, e já rodou por praticamente todos os
clubes do universo Mendes. Em Junho esteve inclusivamente umas semanas no
Wolverhampton a virar bifanas, prestação que lhe deu renovado impulso no
mercado de transferências.
Porém, reconhece, as coisas
não páram de piorar. “Comecei também a desenvolver uma artrite nas mãos por
assinar tantos contratos, sobretudo por causa de todas aquelas cláusulas e percentagens.
E o meu amor-próprio está dilacerado e dividido entre 20 subsidiárias,
offshores e fundos de investimento. Sinto-me como se tivesse sido amassado numa máquina de lavar!”
Para já o futuro permanece
incerto. Mas, a acreditar nos rumores veiculados na imprensa desportiva nos
últimos dias, o jogador estará perto de assinar novamente pelo Benfica, a troco
da transferência futura de Pizzi para o Zenit, Mónaco ou Rio Ave por 200% do seu valor de mercado, ficando o Benfica com 2% da tranche desse negócio,
à semelhança do que sucedeu com Garay.
Da nossa parte, “O Esférico”
deseja refutar veementemente que tenha recebido qualquer ‘incentivo’ para
adjectivar de ‘Super e Tremendamente Esbelto’ o empresário Jorge Mendes antes
de cada referência ao seu nome. É absolutamente falso que nos estejamos todos
aqui a refastelar num cabaz comprado com os vouchers do Benfica e
‘quinhentinhos’ do Porto.
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